"Ele era o único que ela podia confiar isso, porque ele era covarde e não faria nada que partisse dele mesmo para impedir. Morria de medo, daquilo, da perda, da responsabilade, mas era fraco demais ao ponto de suportar o fato de nunca mais ouvir a gargalhada dela, como fato imutável.
Não suportaria perdê-la de novo – como havia perdido aos poucos-, então se afastou na ilusão de que aquilo acabaria. Agora passa os dias se lamentando, fazendo tudo errado, perdendo qualquer motivo que ela ainda tivesse pra pensar nele, pra amar ele, pra voltar. Nunca chegou a fazer nada porque restava a ela um mínimo de razão na loucura.
Ele.
E se importava um pouco com si mesma, pra logo perder o interesse e voltar as idéias proibidas, as ações de atentado quanto a própria vida.
Durava um segundo que ia se tranformando em minutos, horas, dias de desespero. O jeito dele agir sem segurança estava deixando-a cada vez
mais absurda consigo mesma. Desejando o fim do seu sofrimento.
No mais tardar, olhava para a lua e se perguntava se ele estaria olhando também ou se estava pensando na outra.
O que sobrava de si mesma eram pedaços dos outros, por isso sobrevivia. Mas aquilo de sobreviver ia acabando, como uma bateria já no final.
Os celulares todos desligados, a presença já não notável, os dias que chegavam ao fim trazendo uma única certeza: a de que ele não voltaria e a de que ela traria fim a própria vida.
E ele, fato consumado, único culpado."
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